Silvia Fernanda Corrêa (Mestranda – USP)

A facilidade em efetuar pesquisas bibliográficas na Internet e o aumento de alunos que usam tecnologia têm voltado a atenção de pesquisadores para o chamado “plágio acadêmico”. Professores dos diversos níveis de ensino alertam para a prática cada vez mais recorrente de entrega de trabalhos copiados da Internet. Mas e quando a cópia parte do professor?

Tomando como base a disciplina de graduação Língua Portuguesa oferecida no sistema de 20% de semipresencialidade em uma universidade da rede particular de ensino de São Paulo, meu objetivo é verificar como a concepção do material didático, do ponto de vista do discurso citado, afeta a dinâmica de uma aula online e em que medida contribui para o processo de ensino de leitura e produção de textos, objetivo final da disciplina. Para essa discussão,  selecionei a seção Conteúdo Teórico, que compõe a primeira unidade da disciplina. Documento de texto em formato para impressão (PDF), aparentemente em rigor com as normas científicas, o Conteúdo Teórico da primeira unidade está organizado em quatro partes, além da Introdução e das Considerações Finais: 1. Níveis de Linguagem; 2. Modalidade Oral e Escrita; 3. Variante Padrão e Não Padrão; 4. Colocando em Prática.

Para o embasamento teórico, além da teoria dialógica do discurso de Bakhtin e o Círculo, recorro a autores que se ocuparam da inserção da palavra do outro no discurso, a começar por Maingueneau (1997) que, a partir da articulação dos conceitos de polifonia de Ducrot e de heterogeneidade discursiva de Authier-Revuz, discutiu diferentes mecanismos da chamada heterogeneidade mostrada. Também me embaso em trabalhos de Compagnon (2007), Romancini (2007) e Nery et al. (2010), autores que exploram os fenômenos da citação e do plágio.